quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Berço Cultural

       O gosto cultural do baturiteense à época da República Velha era tamanho que no ano de 1896 fora contratado da Europa o Maestro Luis Maria Smido, músico Italiano formado pelo Conservatório de Milão. Aqui chegando, fundou e regeu por muitos anos a Banda de Música filarmônica Carlos Gomes.
Ornamentando a recém cidade emancipada, a natureza ainda virgem, imperava majestosa e ao alvorecer e ao crepúsculo, ouvia-se corriqueiramente a sonorização melodiosa da passarada. Seguidamente, após a hora do ângelus, podia-se ouvir as notas ritmadas dos pianos rompendo as paredes dos casarões. O maestro Smido também levava os ensinamentos musicais às jovens donzelas da progressista cidade das águas abundantes e das verdes montanhas. Essas, de famílias emergentes impulsionadas pelo cultivo da cana de açúcar e principalmente do café.
        O resgate dessa verdade alvissareira verifica-se nos talentos baturiteenses forjados naquele auspicioso ambiente cultural. Um deles, por exemplo, é o poeta Augusto Cezar de Magalhães, nascido em nove de dezembro de 1889, até então desconhecido. Augusto de Magalhães iniciou suas primeiras letras na sua cidade natal, indo concluir os estudos secundários no colégio Santo Antônio em Fortaleza. Em 1912 mudou-se para a Capital  Brasileira.  No Rio de Janeiro, intensificou sua criação literária e paralelamente passou a trabalhar na Imprensa Nacional. Casou-se com Alice Santos de Magalhães com quem teve cinco filhos. Sua produção literária registrada no seu livro “em memórias” compõe-se de mais de 130 poemas e contos. Esses retratam sobremaneira: fé religiosa, natureza, amor, política e família. Conforme análise literária dos professores Ronaldo Menegaz e Murilo Ramos: “é admirável a maestria do Poeta Augusto de Magalhães no uso dos metros poéticos perfeitos tão usados por Gonçalves Dias. O mesmo se pode dizer da tradicionalíssima redondilha maior ou menor, sobejamente usada pelo imortal Camões”, para citar apenas alguns pontos da análise.
Visto esse e outros fatos, é fácil imaginar porque grande parte dessa riqueza cultural e artística, teima em respirar cá entre nós.
Aos amantes do belo verso e da rima perfeita nada melhor do que deleitar-se com algumas relíquias do poeta conterrâneo:



Um comentário:

  1. Prezado Maninho,
    Segundo nosso poeta Padre Aloísio Furtado, S.J.(Aires de Montalbo, o maestro Luís Maria Smido chegou em Baturité despretensiosamente por volta do ano de 1980,onde refugiou-se incógnito.Smido não era italiano, mas natural de Innsbruk na Áustria. Reza a história que Smido "provocado em um duelo, por um rival, em questão de amor, preferiu fugir à luta e veio para o Brasil". Musicou o hino do "APOSTOLADO LITERÁRIO", com letra do saudoso PEDRO CATÃO.

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